quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quero dividir meu olhar, desaprendi a ver sozinho e agora que tudo perdeu a magia, se magia houve, e havia, e não consigo ver mais nenhum anjo em você (...) e agora que vejo apenas um rapaz dentro do qual a morte caminha inexorável, só não sabemos quando o golpe final, mas virá, cabelos tão negros, rosto quase quadrado, quase largo, quase pálido, onde já começou a devastação, olhos perdidos, boca de naufrágio vermelho pesado sobre o escuro da barba malfeita, olho tudo isso que vejo e não tem outra magia além dessa, a de ser real, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e vou dizendo leve, então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo louco, e vou dizendo logo sem pausa – gosto muito de você gosto muito de você gosto muito de você.
♥ Caio Fernando de Abreu

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