quinta-feira, 29 de setembro de 2011

De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca - de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ela, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga. O gosto de lágrimas chegava nas madrugadas, quando conseguia me arrastar da sala para o quarto e me jogava na cama grande, sem Ela, cujos lençóis não troquei durante muito tempo porque ainda guardavam o cheiro dela, e então me batia e gemia arranhando as paredes com as unhas, abraçava os travesseiros como se fossem o corpo dela, e chorava e chorava e chorava até dormir sonos de pedra sem sonhos. O gosto de café sem açúcar acompanhava manhãs de ressaca e tardes na agência, entre textos de publicidade e sustos a cada vez que o telefone tocava. Porque no meio dos restos dos gostos de vodca, lágrima e café, entre as pontadas na cabeça, o nojo da boca do estômago e os olhos inchados, principalmente às sextas-feiras, pouco antes de desabarem sobre mim aqueles sábados e domingos nunca mais com Ela, vinha a certeza de que, de repente, bem normal, alguém diria telefone-para-você e do outro lado da linha aquela voz conhecida diria sinto-falta-quero-voltar. Isso nunca aconteceu.
♥ Caio Fernando de Abreu

sábado, 24 de setembro de 2011

Entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar com vontade! Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso. Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar.
♥ C aio Fernando de Abreu

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço.
♥ Caio Fernando de Abreu

domingo, 18 de setembro de 2011

Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.
♥ Caio Fernando de Abreu

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Uma pessoa quando ta longe vive coisas que não te comunica e tu aqui vive coisas que não comunica a ela. Então vocês vão se distanciando e quando vocês se encontrarem vão falar: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E ai ele vai te falar por cima de tudo o que ele viveu e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam elas estão irremediavelmente perdidas uma pra outra.
♥ Caio Fernando de Abreu

♥ Maria Eugenia Suarez


Maria Eugenia Suarez: Nasceu em Buenos Aires, 9 de março de 1992. É uma atriz Argentina. Começou a carreira de modelo com apenas seis anos de idade em desfiles e campanhas. Como 47-Street, Muaa, Como quieres que te quiera, Sweet Victorian e Promesse. Seu primeiro trabalho como atriz começou quando tinha 11 anos, em uma produção de Cris Morena, Rincón de Luz (2003). Também fez participações em Floricienta (2005) e Amor Mio (2005). Em 2006 trabalhou pela primeira vez em uma produção separada de Cris Morena, fazendo parte do elenco de Amo de casa, interpretando a Catalina. O programa era transmitido pelo Canal 9. Atualmente atua em Casi Ángeles.

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O telefone tocou. Então uma voz que eu não ouvia há muito tempo, tanto tempo que quase não a reconheci (mas como poderia esquecê-la?), uma voz amorosa falou meu nome, uma voz quente repetiu que sentia uma saudade enorme, uma falta insuportável, e que queria voltar. (...) Se podia voltar, insistiu, para sermos felizes juntos. Eu disse que sim, claro que sim, muitas vezes que sim, e aquela voz repetiu e repetia que me queria desta vez ainda mais, de um jeito melhor e para sempre agora.
♥ Caio Fernando de Abreu

domingo, 11 de setembro de 2011

Deu vontade de ficar mais tempo junto, deu vontade de levar essa história até o fim - e eu não tenho a menor idéia do que você pensa a respeito, a gente não conversa sobre isso, só fica fazendo uma linha nada-tem-muita-importância, ou algo assim.
♥ Caio Fernando de Abreu

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Chega em mim sem medo, toca no meu ombro, olha nos meus olhos, como nas canções de rádio. Depois me diz –: "Vamos embora para um lugar limpo. Deixe tudo como está. Feche as portas, não pague as contas nem conte a ninguém. Nada mais importa. Agora você me tem, agora eu tenho você. Nada mais importa. O resto? Ah, o resto são os restos. E não importam."
♥ Caio Fernando de Abreu

♥ Gastón Dalmau


Gastón Dalmau: Nasceu em Buenos Aires, 23 de novembro de 1983. É um ator e cantor argentino. Já fez diversos trabalhos e participações na TV,  entre eles suas primeiras aparições em Frecuencia 04 (2004) e La Niñera (2004), além das participações em Floricienta (2005), Amor Mio (2005) e Alma Pirata (2006) de todas de Cris Morena. Também fez um casting para Rebelde Way (2003) porém não obteve exito. Atualmente, integra a banda Teen Angels e interpreta Rama na novela Casi Ángeles. É considerado um dos galãs mais bonitos da atualidade na Televisão Argentina.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Quero dividir meu olhar, desaprendi a ver sozinho e agora que tudo perdeu a magia, se magia houve, e havia, e não consigo ver mais nenhum anjo em você (...) e agora que vejo apenas um rapaz dentro do qual a morte caminha inexorável, só não sabemos quando o golpe final, mas virá, cabelos tão negros, rosto quase quadrado, quase largo, quase pálido, onde já começou a devastação, olhos perdidos, boca de naufrágio vermelho pesado sobre o escuro da barba malfeita, olho tudo isso que vejo e não tem outra magia além dessa, a de ser real, como quem tem medo de quebrar a rija perfeição das coisas, e vou dizendo leve, então, no teu ouvido duro, na tua alma fria, e vou dizendo louco, e vou dizendo logo sem pausa – gosto muito de você gosto muito de você gosto muito de você.
♥ Caio Fernando de Abreu

♥ Mariana Espósito


Mariana Elizabeth Espósito Herrer
, Nasceu em Buenos Aires, 10 de Outubro de 1991. É uma atriz, cantora e modelo argentina. Trabalha na televisão com Cris Morena desde a novela Rincón de Luz (2003) no papel de Malena, quando tinha apenas 12 anos de idade, logo em seguida ingressou na novela Floricienta (Floribella) no papel de Roberta e Chiquititas 2006 como Agustina (Guta).Atualmente atua em Casi Ángeles.

domingo, 4 de setembro de 2011

Ah, no fim destes dias crispados de início de primavera, entre os engarrafamentos de trânsito, as pessoas enlouquecidas e a paranóia à solta pela cidade, no fim destes dias encontrar você que me sorri, que me abre os braços, que me abençoa e passa a mão na minha cara marcada, no que resta de cabelos na minha cabeça confusa, que me olha no olho e me permite mergulhar no fundo quente da curva do teu ombro. Mergulho no cheio que não defino, você me embala dentro dos seus braços, você cobre com a boca meus ouvidos entupidos de buzinas, versos interrompidos, escapamentos abertos, tilintar de telefones, máquinas de escrever, ruídos eletrônicos, britadeiras de concreto, e você me beija e você me aperta e você me leva para Creta, Mikonos, Rodes, Patmos, Delos, e você me aquieta repetindo que está tudo bem, tudo, tudo bem. O telefone toca três vezes. Isto é uma gravação, deixe seu nome e telefone depois do bip que eu ligo assim que puder, OK?
♥ Caio Fernando de Abreu

♥ Juan Peter Lanzani


Juan Peter Lanzani: Nasceu em Buenos Aires, Argentina, 24 de agosto de 1990. É um ator argentino. Obteve muito sucesso com o público latino interpretando Tábano (Mosquito) na novela Chiquititas 2006, Thiago em Casi Ángeles e por ser integrante da banda pop-juvenil argentina de maior sucesso da atualidade, os' Teen Angels. Ambas produções de Cris Morena.