quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Como se precisássemos tirar a mochila, soltar isso que tanto nos pesa para podermos ir em paz. Vai além da culpa. São arrependimentos, e isso não vai parar até você perceber que sua vida é o que você fez com ela. Podemos viver anos tentando esconder o arrependimento das coisas erradas que fizemos, mas em algum momento, eles virão nos pegar, como fantasmas do passado. Mais do que o esquecimento, estamos com medo de que vamos lembrar as coisas erradas que fizemos. O arrependimento é o medo de ter passado por esse mundo sem fazer com que outras pessoas tenham amor por nós. O arrependimento tem uma lembrança do pôr do sol: termina o dia, e o que fizemos não poderemos fazer de novo... e o que fizemos não poderemos mudar.
♥ Quase Anjos

domingo, 25 de dezembro de 2011

Diante da pergunta: o que você faria se o mundo acabasse agora? Acredito que a maioria responderia: sairia correndo ao encontro da pessoa amada. Mas acho que se pensarmos melhor, o que queríamos fazer era pedir perdão.
♥ Quase Anjos

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011


Um super-herói interfere na luta do bem contra o mal. Para isso deve saber qual é o bem e qual é o mal.
O super-herói tem que ser valente. Mas o que é ser valente? É não ter medo? Ou avançar apesar de ter medo?
O covarde é aquele que não dá nenhum passo sem ter a garantia de que não correrá nenhum risco. O valente sabe que nunca há garantia de nada.
O covarde só aposta quando sabe que vai ganhar. O valente é aquele que aposta, mesmo sabendo que poderá perder.
Há só uma coisa que é capaz de dar a um super-herói o valor que necessita para vencer os medos: o amor.
O amor é o único que necessita para ser um super-herói.
♥ Quase Anjos 

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

É apenas um instante, um momento, um segundo... Em que você erra o caminho. A partir daí, cada passo que damos nos afasta cada vez mais de nós mesmos. Às vezes temos consciência dos erros que cometemos, apenas uma sensação, uma pequena voz interior que nos diz: algo está mal. E embora essa voz esteja aí, vamos em frente, ignorando ela, errando quase tudo. Você o vê chegando, e sabe que o que vai fazer vai mudar tudo. No entanto, você faz. Você já fez errado, já fugiu, já se perdeu... já se traiu. Se olha no espelho e já não se reconhece. Há outro que te olha e te pergunta: Onde foi? Onde está?
♥ Quase Anjos

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Aonde vai o que quer fazer e não faz? Aonde vai o que quer dizer e não diz? Aonde vai o que não te permite sentir? Gostaríamos que o que não falamos caia no esquecimento, mas o que não dizemos se acumula em nosso corpo, enche a nossa alma de gritos silenciosos. O que não dizemos se transforma em insônia, em dor de garganta, em lembranças, em aborrecimento. O que não dizemos se transforma em erro. Transforma-se em débito, dívida, assunto pendente. As palavras que não dizemos se transforma em frustração, em tristeza, em insatisfação. O que não dizemos se transforma em trauma. Em veneno que mata a alma. O que você não diz te prende no passado. O que não dizemos se transforma em ferida aberta.
♥ Quase Anjos

Amigos

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011


As coisas que nos fazem sentir realmente vivos são as coisas que vencem a morte, as que duram ao longo do tempo. Porque o fascínio, a felicidade, é superior. É nesse momento que todos nós somos eternos. E estamos vivos de verdade.
De todas as formas de egoísmo, a pior, é não pensar naqueles que virão. Sem eles, sem a noção de que a vida é um ciclo interminável, nada tem sentido.
Você se sente vivo, não quando a vida passa, e sim quando você passa pela vida. Quando você perde o medo de morrer e de viver. Você se sente vivo quando sabe que cada momento é único. Quando você sabe que nada começou com você, e nada terminará com você.
Só sabendo que haverá um amanhã é que poderemos vencer a morte, e nos sentirmos vivos.
♥ Quase Anjos

segunda-feira, 28 de novembro de 2011


Quando você para pra ver o mundo, observar a beleza que nos cerca; quando você ama um menino ou uma menina; quando você ri até não poder mais com seus amigos; quando você faz o que gosta de fazer; quando viaja a um lugar quem não conhece; quando você escreve uma música; quando o seu coração acelera diante de um olhar; quando você faz o amor... você se sente vivo
Mas não é só a felicidade que te faz sentir vivo; e sim saber que você deixou uma testemunha de sua vida. Saber que quando você não estará mais aqui, alguém de você continuará vivo nos que virão.
Mas se você souber que não há futuro, que nada do que você faz, nenhum testado que deixe, nenhuma contribuição que faça, você vai sobreviver; se souber que tudo acaba... é possível sentir-se vivo?
♥ Quase Anjos

terça-feira, 22 de novembro de 2011


Tudo chega, dizem... E é verdade. O problema não é se chega, e sim quando chega

Às vezes as coisas chegam quando já é tarde. Outras vezes, o que esperamos chega quando ainda não estamos pronto. Tudo tem seu tempo. Antes ou depois desse tempo, nada flui. O contratempo é como duas ruas que nunca se cruzam. É chegar quando a festa terminou. O contratempo não é apenas algo que chegue tarde a você, é também você chegar tarde a isso. É não tocar a tempo a nota certa, é perder o trem, ou um perdão que demorou em chegar. É um desencontro. O contratempo é como uma fruta verde, amarga. O contratempo é uma tarde fria no verão. É o oposto do lugar e da hora combinada. O contratempo é uma ironia.
♥ Quase Anjos

domingo, 20 de novembro de 2011


Por que quando temos a felicidade em frente aos nossos olhos, não sabemos vê-la? Sempre pensamos no que estamos perdendo, desejando coisas que não temos, na verdade, tudo o que precisamos para ser felizes está aí, mordendo as nossas mãos.
Acreditamos que a felicidade é algo difícil de conquistar. Ás vezes até nos convencemos de que nunca vamos ser felizes.
****
Quis tudo e tive tudo. Até descobrir que as bolhas dos meus pés caminhando ao lado dela, embaixo do sol que rachava a terra, o cheiro do campo e seu sorriso, era a felicidade para mim.
Só agora eu a vejo.
♥ Quase Anjos

terça-feira, 15 de novembro de 2011


Uma casa enorme e caríssima com jardim e piscina. Três empregadas. Dois meses em Punta Del Leste todos os verões. Viagens a Europa e Estados Unidos. Roupa nova todos os meses. A melhor. A mais cara. O último celular, o último mp4, a última televisão LCD, uma em cada casa. As melhores escolas, o fim de semana no melhor país. Os amigos, das melhores famílias. Uma moto antes dos 16 anos. Um carro antes dos 18. Festas todos os sábados. 


Acreditei por um tempo, que isso era felicidade. E enquanto isso, a deixei escapar.
♥ Quase Anjos
Mas se de tanto imaginar o amor, já não acredito no amor... Por que continuo chorando com os filmes românticos, sonhando com um príncipe azul, com quem quero comer chocolates de frente à lareira, nos beijando com uma música de amor ao fundo?
♥ Quase Anjos

domingo, 13 de novembro de 2011


Será que o amor é uma mentira, uma mentira com muito marketing?
Desde que nascemos escutamos contos, filmes e músicas de amor que nos fazem acreditar que o príncipe azul ou a princesa exista...Mas se existisse, nunca iria olhar para alguém como nós. Nos disfarçamos, criamos um personagem e vivemos um amor de filme, copiando tudo o que vimos desde criança. Como nos filmes a música começa a tocar do nada, com uma lareira de fundo, e acreditamos que isso é o amor.
♥ Quase Anjos

sábado, 12 de novembro de 2011


Por que ninguém me ama?
Por que não posso ter um amor de filme? Por que ninguém me beija com uma canção de amor ao fundo?
Será porque não sou bonita, não tenho olhos claros nem características perfeitas? É por isso?
Por que não posso comer chocolates com um amor ao lado de uma lareira, e com uma música de amor ao fundo? Por quê?
♥ Quase Anjos
É possível aprender a estar perto de alguém. É possível aprender a agüentar a dor de estar longe. Mas é impossível estar ao mesmo tempo, tão longe, e tão perto.
♥ Quase Anjos

quinta-feira, 10 de novembro de 2011


Tempo e distância no amor é o mesmo.
Um casal está bem quando mesmo estando a milhares de quilômetros continuam pertos. Um casal está separado quando mesmo estando juntos, se sentem a milhares de quilômetros de distância.
À distância nos distorce, cria uma ilusão. Mas de perto, se vê o detalhe, o que realmente é.
Na distância, só há lembranças... E você se lembra das coisas boas que existia.
De perto se vê os defeitos.
♥ Quase Anjos

quarta-feira, 9 de novembro de 2011


A um centímetro, e a mil quilômetros. Juntos e separados. Tão longe e tão perto. Quando você estava tão perto de alguém que pareciam só um, pensar na separação era um absurdo... Agora se vê tão longe.
Duas pessoas ficam pertos quando compartem sonhos, projetos, mas quando restam apenas lembranças, é quando estão muito longes. Alguns só conseguem amar com a distância e não podem suportar a intimidade.
Será que o amor está em algum lugar entre longe e perto?
♥ Quase Anjos

terça-feira, 8 de novembro de 2011


O coração é um órgão complexo, muito sensível. Tem razões que a razão não conhece.
O coração é imprevisível, uma hora você ama e na outra não.
Mas às vezes, de repente, sem procurar, sem saber por que ou como; encontramos esse laço de prata que nos leva ao coração de outra pessoa. Esse laço que nem ele ou ela sabe o que é.
Mas o que é esse laço de prata que nos leva ao coração das pessoas?
Por que alguns têm um amor a primeira vista e outros não?
Não existem chaves nem estratégias que funcionem para descobrir isso, porque esse laço que nos leva ao coração de nossa pessoa amada, é um mistério.
Ninguém pode explicar porque ama, nem porque é amado.
Alguns amam porque são amados. Outros são amados porque amam.
Alguns corações são cuidadosos, resistivo em ser amado.
A única certeza que temos é que quando encontramos esse laço de prata que nos leva ao coração de outra pessoa; é para sempre.
♥ Quase Anjos

domingo, 6 de novembro de 2011


Quando amamos, tentamos chamar a atenção do outro de qualquer maneira. Mas geralmente, o que pode nos levar ao coração do outro, é algo inesperado e misterioso.
♥ Quase Anjos

sábado, 5 de novembro de 2011

Temos que celebrar casamentos com muitos sorrisos e uma lágrima. E nos funerais, temos que chorar com muitas lágrimas e um sorriso.

Mas não temos que ir aos casamentos pensando em funerais, e nem ir aos funerais pensando em casamentos.
Temos que aceitar a vida como é: com seu dia e com sua noite, com suas lágrimas e seus sorrisos. Com seus casamentos e seus funerais.
♥ Quase Anjos

O mais parecido com a ausência de som, é amar em silêncio.
A angústia, a dor, tem um som: é o som da chuva e do frio que soam na garganta.
O ódio tem um som: soa a gritos altos...
A covardia tem um som: múrmuros de atormento.
Mas amar em silêncio tem um pouco de tristeza, a caneta tinteiro sem tinta, a avareza.
Você ama em silêncio e um dia você se encontra mudo, cheio de palavras que te assombram. Até ficar sem palavras... e chegar o silêncio.
O silêncio é ausência. Como a luz no escuro, que nos mostra que não há nada.
Agora que estou quieto, posso entender por que tanto medo do silêncio, do som do silêncio.
♥ Quase Anjos

quarta-feira, 2 de novembro de 2011


O aprendiz se torna um artista quando já não precisa de um estilo de ninguém para se sentir seguro: acaba de aparecer seu próprio estilo.
Se alcançar o próprio estilo é o pico mais alto do caminho de um artista, se identificar com alguém é o primeiro passo para construir nossa identidade.
Para sermos nós mesmos, sem copiar ninguém.
♥ Quase Anjos

terça-feira, 1 de novembro de 2011


Com nossos olhos podemos ver tudo, menos nós mesmos. Para isso precisamos de um espelho. Ou algo que nos espelhe.
Um espelho pode ser outra pessoa, uma palavra, um livro, uma música. Tudo aquilo que nos reflita.
Mas é preciso ter muita coragem para se olhar no espelho e aceitar o que vemos. Porque isso, gostando ou não, é o que somos.
♥ Quase Anjos

sexta-feira, 28 de outubro de 2011


Você quer ser. Quer ser o amor de alguém, o sonho de alguém, ser alguém na vida dessa pessoa que você ama.
Esse desejo de ser, pode nos confundir e nos deixar ver que não somos, mas que estamos, temporariamente, na vida de alguém. 
Ser com alguém é muito diferente de estar com alguém. Por isso ser e estar não podem ser as mesmas coisas
♥ Quase Anjos
Em Inglês, ser e estar se diz com a mesma palavra: to be. Mas ser é o mesmo que estar?
♥ Quase Anjos

quarta-feira, 26 de outubro de 2011


Para que resistir?
Resistir para se encontrar. Ou simplesmente para sobreviver. Resistir é a única coisa que nos resta quando não há mais solução. Resiste. Com a alma, com o coração, com seus olhos, com suas mãos, com todo seu corpo. Resiste. Com os pés na terra e os olhos olhando o céu. Resiste.
♥ Quase Anjos

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Minha alma está pronta para sua grande missão: Resistir.
♥Quase Anjos

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Tudo que parece meio bobo é sempre muito bonito, porque não tem complicação. Coisa simples é lindo. E existe muito pouco...
♥ Caio Fernando de Abreu

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

♥ Justin Bieber

Justin Bieber no Brasil' 

"I always knew you were the best
The coolest girl I know
So prettier than all the rest
The star of my show" ♫♪

terça-feira, 11 de outubro de 2011

"... Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira: compreendo, sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe, berrando de pavor para o mundo insano, e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó. O que ou quem cruzo esses dois portos gelados da solidão é vera viagem: véu de Maya, ilusão, passatempo. E exigimos o eterno do perecível, loucos".
♥ Caio Fernando de Abreu

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria. Fazendo perguntas, tu ouvirias respostas. Nas respostas ela poderia mentir, dissimular, e a realidade que estava sendo, a realidade que agora era, seria quebrada. E pois, não fazendo perguntas, tu aceitarias a moça completamente. Desconhecida, ela seria mais completa que todo um inventário sobre o seu passado. Descobririas que as coisas e as pessoas só são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar – mas ver. Em silêncio.

sábado, 8 de outubro de 2011

(...) Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na lagartixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça.
Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Já não é tempo de desesperos. Refreias quase seguro as vontades impossíveis. Depois repetes, muitas vezes, como quem masca, ruminas uma frase escrita faz algum tempo. Qualquer coisa assim:
- … mastiga a ameixa frouxa. Mastiga , mastiga, mastiga: inventa o gosto insípido na boca seca.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Vai passar, tu sabes que vai passar. Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana, um mês ou dois, quem sabe? O verão está ai, haverá sol quase todos os dias, e sempre resta essa coisa chamada “impulso vital”. Pois esse impulso às vezes cruel, porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo, te empurrará quem sabe para o sol, para o mar, para uma nova estrada qualquer e, de repente, no meio de uma frase ou de um movimento te surpreenderás pensando algo como “estou contente outra vez”. Ou simplesmente “continuo”, porque já não temos mais idade para, dramaticamente, usarmos palavras grandiloquentes como “sempre” ou “nunca”. Ninguém sabe como, mas aos poucos fomos aprendendo sobre a continuidade da vida, das pessoas e das coisas. Já não tentamos o suicídio nem cometemos gestos tresloucados. Alguns, sim - nós, não. Contidamente, continuamos. E substituímos expressões fatais como “não resistirei” por outras mais mansas, como “sei que vai passar”. Esse o nosso jeito de continuar, o mais eficiente e também o mais cômodo, porque não implica em decisões, apenas em paciência. Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”. E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços.
♥ Caio Fernando de  Abreu

sábado, 1 de outubro de 2011

Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia –qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.
♥ Caio Fernando de Abreu

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

De todos aqueles dias seguintes, só guardei três gostos na boca - de vodca, de lágrima e de café. O de vodca, sem água nem limão ou suco de laranja, vodca pura, transparente, meio viscosa, durante as noites em que chegava em casa e, sem Ela, sentava no sofá para beber no último copo de cristal que sobrara de uma briga. O gosto de lágrimas chegava nas madrugadas, quando conseguia me arrastar da sala para o quarto e me jogava na cama grande, sem Ela, cujos lençóis não troquei durante muito tempo porque ainda guardavam o cheiro dela, e então me batia e gemia arranhando as paredes com as unhas, abraçava os travesseiros como se fossem o corpo dela, e chorava e chorava e chorava até dormir sonos de pedra sem sonhos. O gosto de café sem açúcar acompanhava manhãs de ressaca e tardes na agência, entre textos de publicidade e sustos a cada vez que o telefone tocava. Porque no meio dos restos dos gostos de vodca, lágrima e café, entre as pontadas na cabeça, o nojo da boca do estômago e os olhos inchados, principalmente às sextas-feiras, pouco antes de desabarem sobre mim aqueles sábados e domingos nunca mais com Ela, vinha a certeza de que, de repente, bem normal, alguém diria telefone-para-você e do outro lado da linha aquela voz conhecida diria sinto-falta-quero-voltar. Isso nunca aconteceu.
♥ Caio Fernando de Abreu

sábado, 24 de setembro de 2011

Entro nesse barco, é só me pedir. Nem precisa de jeito certo, só dizer e eu vou. Faz tempo que quero ingressar nessa viagem, mas pra isso preciso saber se você vai também. Porque sozinha, não vou. Mas olha, eu só entro nesse barco se você prometer remar também! Eu abandono tudo, deixo o cabelo crescer, começo a comer direito, vou todo dia pra academia. Mas você tem que prometer que vai remar com vontade! Eu desisto fácil, você sabe. E talvez essa viagem não dure mais do que alguns minutos, mas eu entro nesse barco, é só me pedir. Você tem que me prometer que vai remar junto comigo. Mesmo se esse barco estiver furado eu vou, basta me pedir. Mas a gente tem que afundar junto e descobrir que é possível nadar junto. Mas você tem que me prometer que vai tentar, que vai se esforçar, que vai remar enquanto for preciso. Você tem que me prometer que essa viagem não vai ser a toa, que vale a pena. Que por você vale a pena. Que por nós vale a pena. Remar. Re-amar. Amar.
♥ C aio Fernando de Abreu

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Tentaram me fazer acreditar que o amor não existe e que sonhos estão fora de moda. Cavaram um buraco bem fundo e tentaram enterrar todos os meus desejos, um a um, como fizeram com os deles. Mas como menina-teimosa que sou, ainda insisto em desentortar os caminhos. Em construir castelos sem pensar nos ventos. Em buscar verdades enquanto elas tentam fugir de mim. A manter meu buquê de sorrisos no rosto, sem perder a vontade de antes. Porque aprendi, que a vida, apesar de bruta, é meio mágica. Dá sempre pra tirar um coelho da cartola. E lá vou eu, nas minhas tentativas, às vezes meio cegas, às vezes meio burras, tentar acertar os passos. Sem me preocupar se a próxima etapa será o tombo ou o voo. Eu sei que vou. Insisto na caminhada. O que não dá é pra ficar parado. Se amanhã o que eu sonhei não for bem aquilo, eu tiro um arco-íris da cartola. E refaço. Colo. Pinto e bordo. Porque a força de dentro é maior. Maior que todo mal que existe no mundo. Maior que todos os ventos contrários. É maior porque é do bem. E nisso, sim, acredito até o fim. O destino da felicidade, me foi traçado no berço.
♥ Caio Fernando de Abreu

domingo, 18 de setembro de 2011

Não sei, até hoje não sei se o príncipe era um deles. Eu não podia saber, ele não falava. E, depois, ele não veio mais. eu dava um cavalo branco para ele, uma espada, dava um castelo e bruxas para ele matar, dava todas essas coisas e mais as que ele pedisse, fazia com a areia, com o sal, com as folhas dos coqueiros, com as cascas dos cocos, até com a minha carne eu construía um cavalo branco para aquele príncipe. mas ele não queria, acho que ele não queria, e eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo.
♥ Caio Fernando de Abreu

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Uma pessoa quando ta longe vive coisas que não te comunica e tu aqui vive coisas que não comunica a ela. Então vocês vão se distanciando e quando vocês se encontrarem vão falar: oi, tudo bom e tal, como é que vão as coisas? E ai ele vai te falar por cima de tudo o que ele viveu e, não sei, vai ser uma proximidade distante. Não adianta, no momento que as pessoas se afastam elas estão irremediavelmente perdidas uma pra outra.
♥ Caio Fernando de Abreu