sábado, 9 de outubro de 2010

Por uma estrada, um dia, uma criança Muito loira e risonha, nela andava.Seu coração, tão cheio de bonança, o pequenino peito palpitava. Em uma das mãozinhas segurava um arco de ouro, e noutra ela trazia setas douradas, com que costumava ferir os corações, que sempre via. A boca cor de rosa, uma canção muito doce e divina balbuciava. O canto extasiava o coração. Era Amor, que cantando, assim passava. Ele já ia em meio da jornada; porém, certa manhã de primavera, sentou-se numa pedra dessa estrada, a meditar no mal que ele fizera. "Meu Deus! Com essa minha travessura não pensei tanto dano assim causar." E tendo a alma repleta de amargura, Arrependido, amor pôs-se a chorar. Nesse instante, porém, uma donzela, que Tinha as vestes verdes cor do mar, parou ali. E a sua voz tão bela procurou o menino consolar.
-"Não chores mais, meu anjo, vem comigo, eu sei o que te causa tanta dor.
É por isso que eu venho ter contigo; Enxuga esse teus olhos, Deus do Amor!"
-"Eu queria saber - disse a criança - O teu nome...
Afinal como é então?"
-"Meu nome é lindo, chamo-me
Esperança", respondeu-lhe com toda emoção.
-"Quero ir contigo, pela estrada afora,
Consolar esses pobres corações; Eles sofrem por tua causa agora e choram as perdidas ilusões".
E os dois partiram, com as mãos unidas, Sorrindo ia a Esperança a consolar. Caminhavam assim, por avenidas, que Um sol ardente vinha iluminar. Por muito e muito tempo eles andaram, Até que enfim, em uma encruzilhada, cansados, Esperança e Amor pararam, Estavam quase ao término da jornada. Ali tudo era belo... Bem distante erguiam-se montanhas azuladas. Aos seus pés, a água clara e murmurante Passava sob as flores perfumadas. Traído Amor e a Esperança, embevecidos,o céu de anil ficaram a fitar. E como ambos estavam distraídos, não Sentiram alguém se aproximar.
"Aqui estou eu", falou uma voz dolente Que também traduzia a ansiedade,
"Meu nome é triste - disse docemente - Mas é bem lindo, eu sou a
Saudade.
- "Os corações, que tu Amor, feriste, Agora estão cansados de chorar".
- "Tu,
Esperança, tanto os iludiste!... Pra que foi que os fizeste em vão sonhar?"
-"Ficai! Que junto aos pobres desgraçados Saberei preencher vosso lugar".
-"Eles hão de sorrir mais consolados; Junto deles eu sempre hei de ficar".
-"E há de então repassar-lhes pela mente o passado, que outrora os fez sonhar.


-"Quem sabe se mais lindo e mais sorridente,
p
orém bem cedo nos desiludimos. Junto a nós Saudade fica então.
                Autora:  Diléia Prado

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